Minutos antes de comandar mainstage do Tomorrowland, duo Nervo comenta sobre projetos futuros e paixão pelo Brasil: 'Plateia única'
14/10/2025
(Foto: Reprodução) Nervo tocou no mainstage do Tomorrowland Brasil 2025
Divulgação
A relação entre irmãos, se perguntada para a maioria das pessoas que possuem um para chamar de seu, é descrita como conturbada na maioria das vezes. Mas, apesar das diferenças, tudo que acontece entre a "montanha-russa" de amor e ódio se resolve e, no final do dia, a consideração de irmãos acaba prevalecendo.
No caso das irmãs australianas - e gêmeas - Miriam e Olivia Nervo, a situação vai além, com o envolvimento do profissionalismo e a paixão pela música. Nas últimas duas décadas, elas conquistaram milhares de fãs como uma dupla de DJs voltadas para a música eletrônica e trilharam uma trajetória de sucesso, sendo reconhecidas em grandes festivais, incluindo o Tomorrowland Brasil.
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O g1 esteve no primeiro dia do evento, na sexta-feira (10), e entrevistou as irmãs minutos antes de tocarem no principal palco do Tomorrowland, considerado o maior festival de música eletrônica do mundo. Elas foram as responsáveis por entregar a mesa de som a outros nomes mundialmente conhecidos, como Deadmau5, Armin van Buuren e David Guetta.
Apesar de terem mais de um milhão de seguidores e 145 milhões de reproduções com apenas uma música nas plataformas de streaming, Olivia e Miriam contam que não gostam de lançar trabalhos longos. O primeiro e único álbum de estúdio da dupla, chamado "Collateral", foi lançado há dez anos - e não há previsão de um novo.
"Foi um trabalho tão difícil de fazer e houve tanta pressão durante o período de criação dele. Nós gostamos de ouvir álbuns de vez em quando, e é uma experiência interessante. O resultado ficou legal, mas não é algo que faríamos novamente - ao menos tão cedo", comentam.
Com muita sinceridade, as irmãs Nervo acreditam que as pessoas não deram muita importância para o trabalho na época em que ele foi lançado, mesmo com a participação de grandes nomes da música pop, como Kylie Minogue e Nile Rodgers. Elas explicam que, por conta da pressão, o processo criativo acabou não sendo um período do qual elas se lembram com muito carinho.
"Nós achamos que ninguém ligou para o álbum. Nós nos importamos demais, nossos ombros ficaram muito pesados. É um trabalho bem coeso e legal, mas ficamos 'de saco cheio' quando terminamos. Inclusive, chegamos a brigar na época. Se você não briga, você não é um humano de verdade", revelam.
Duo australiano não pretende lançar outro álbum no futuro
Tomorrowland Brasil/Divulgação
Apesar das memórias ruins e pesadas, as artistas não descartam um projeto mais elaborado no futuro. Se acontecer, elas preferem que seja lançado sob outro nome, já que, como Nervo, o foco maior é trabalhar em músicas que "caem bem" nos festivais e nas baladas.
"É tão mais fácil e legal lançar somente singles. É libertador. Sabemos que os fãs 'de carteirinha' gostariam de um álbum, mas preferimos assim. Se um segundo álbum surgir, será voltado para a música disco da década de 1980 e será totalmente diferente do que fizemos algum dia. Porém, fora do nome Nervo. Os discos 'inteiros' não brilham tanto assim para nós", detalham.
Energia brasileira
Para Olivia e Miriam, o Brasil representa uma grande parte da trajetória musical das irmãs. Elas estiveram no line-up da primeira edição nacional do Tomorrowland, que aconteceu em 2015, e, até hoje, a dupla acredita que há algo de diferente no país.
"Nós já estivemos no Tomorrowland original, que fica na Bélgica, e é tudo muito diferente. Para começarmos, o tempo de viagem é muito maior, obviamente. Tudo é mais longe e toma mais tempo da sua vida no Brasil. Mas é um lugar muito refrescante e que amamos muito", pontuam.
Além da diferença nas estruturas e no tamanho do território, o público brasileiro é referenciado como algo muito marcante para as irmãs. A receptividade e calorosidade da plateia, na visão delas, são responsáveis por trazer uma sensação totalmente diferente durante o show.
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"A plateia é única, é maravilhosa, é fora da curva, é selvagem. O palco parece ser maior e todos parecem curtir de uma forma 'mais alta'. Nós já estivemos aqui outras vezes e sempre foi uma experiência muito positiva", destacam.
"As pessoas são tão calorosas e legais aqui o tempo todo. Sinto que os brasileiros nasceram para ser gentis, é algo que estão com vocês desde sempre. Todo ser humano aqui é muito gentil conosco. A diversidade de cores, de corpos, de pessoas, também chama a nossa atenção. Nós aprendemos muito com a cultura e a energia do Brasil", completam.
Prefeitura esperava que 180 mil pessoas visitassem o Tomorrowland em Itu (SP)
Diogo Del Cistia/g1
Desde a primeira apresentação no país, a música eletrônica passou por diversas transformações e presenciou o surgimento de diversas vertentes novas. Mesmo com tanto tempo "de estrada", o duo acredita que conseguiu se adaptar às modernidades do mercado, não somente para permanecer na cena, mas também por gosto pessoal.
"Nós evoluímos assim como a música evoluiu. Seria tão chato se estivéssemos tocando exatamente as mesmas coisas que tocávamos há 15 anos. Na verdade, somos gratas de termos evoluído e que continue assim. Nós queremos evoluir sempre. As mudanças fazem parte de nós", compartilham.
Além do processo criativo do primeiro álbum, Miriam e Olivia também relembraram a canção que produziram junto a David Guetta, considerado a principal atração do primeiro dia do Tomorrowland Brasil. Em 2012, eles lançaram "In My Head", faixa presente no quinto álbum do DJ francês, intitulado "Nothing But the Beat".
"Foi uma época muito legal. Inclusive, nós tomamos café da manhã com David e Armin van Buuren no hotel hoje. É sempre bem interessante estar com as pessoas da cena, pois é sempre um momento positivo e descontraído. Nós gostaríamos de mostrar alguma foto, mas nem isso tiramos. Todos nós havíamos acabado de descer dos aviões e estávamos muito cansados, então, sem fotos", contam.
"Assim como todos os presentes no festival, nós também estamos ansiosas para o show do David Guetta [que aconteceu horas depois]. Ele é praticamente o 'Poderoso Chefão' da música eletrônica. Consideramos um verdadeiro gênio. É legal demais estar na plateia e apreciar um evento como este", acrescentam.
Para o set no Tomorrowland Brasil 2025, as irmãs Nervo prepararam uma surpresa especial: o lançamento de uma nova canção em parceria com o DJ Avicii, considerado um dos maiores da história da música eletrônica recente, que morreu em 2018.
"Nós ficamos bem estressadas por conta de alguns problemas técnicos, mas também por prepararmos surpresas demais. Temos algo novo com Avicii vindo em breve. Por ele ter composto a canção junto de nós na época, conseguimos a autorização da família dele para creditá-lo também. Estamos com um repertório recheado de novos mashups. Estamos cheias de notícias boas!", finalizam.
Avicii em foto publicada no Facebook em janeiro de 2018
Reprodução/Facebook/Avicii
Tomorrowland 2025
Para a edição deste ano do Tomorrowland, o tema escolhido para o palco principal foi "Life" - vida, em português -, que, segundo a organização do evento, é uma referência ao evento "Elixir of Life", que aconteceu em 2016.
Desta vez, a cenografia explorou uma espécie de "árvore mãe" e um "jardim de rosas", com uma grande flor que desabrochava ao decorrer dos shows principais e, no final de cada dia, voltava ao seu estado original.
Ao todo, o main stage possuía 36 metros de altura e 160 metros de largura, 1.600 metros quadrados de painéis de vídeo; 1.054 lâmpadas; 1.100 luzes LED; 230 alto-falantes; 43 fontes e quatro cachoeiras integradas.
Segundo um levantamento divulgado pela prefeitura do município, mais de 180 mil pessoas visitaram a cidade durante o período do festival, que seguiu até domingo (12). O reflexo disso, inclusive, pôde ser visto no trânsito ao entorno do parque, com engarrafamentos em rodovias e saídas bloqueadas.
Palco principal do Tomorrowland foi trazido da Bélgica para a edição brasileira em 2025
Divulgação
*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku
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